Ao longo da organização das civilizações, a figura da mulher foi ganhando força e tomando cada vez mais espaços em diferentes frentes de trabalho. Seja liderando, coordenando ou em postos operacionais, a mulher trabalhadora segue na corrida por mais espaço. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2021, a participação feminina no mercado de trabalho era 20% menor que a dos homens.
Mas entre 2014 e 2019, a taxa de participação do trabalho feminina cresceu 54,34%. A informação é da Fundação Getúlio Vargas e reflete também como um dos impactos da pandemia da Covid-19, comparando os dados das instituições.
O artigo 7 da Constituição Brasileira estabelece a proteção de vagas de trabalho destinadas à mulher, bem como, a proibição de diferença salarial, contratação com base no sexo, idade, cor de pele ou estado civil. Mesmo com todas essas definições instituídas e reconhecidas, a mulher ainda pena por vagas com critérios separatistas.
Vagas para mulheres
Geralmente, em rasa avaliação, é possível dizer que, muitas vagas são disponibilizadas para as mulheres todos os dias. No entanto, muitas dessas vagas têm atribuições, onde a colaboradora assume o posto de mulher cuidadora, fora de casa. Não há problema no desempenho de tarefas, e sim, as consequências desse travamento social, que são os baixos salários, carga horária elevada de trabalho, quando homens desempenham funções de maior valorização social.
Elas fazem mais
A mulher que trabalha fora de casa encara a intitulada dupla jornada ou, em muitos casos, a tripla, vez que atualmente cerca de 70 milhões de brasileiros – homens e mulheres – fazem trabalho extra – conhecido bico – para complementar a renda, segundo o levantamento realizado pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) divulgado em agosto deste ano.
Mas são elas ainda as maiores responsáveis pela organização do lar, a educação dos filhos e tantas outras tarefas necessárias dentro de uma casa. Logo, equilibrar a vida pessoal e profissional acaba se tornando um desafio impossível para muitas delas vencerem.
Apagão profissional
Casa ou se profissionaliza? Família ou trabalho? A estrutura das sociedades até aqui, faz essas perguntas ferverem na cabeça da mulher. Ora ela pensa em constituir família. Ora ela deseja conquistar espaço reconhecido no ambiente de trabalho.
Refletir sobre essas questões gera um afastamento ainda maior da mulher a oportunidades consistentes de trabalho. Se ela opta, inicialmente, em fundar uma família, as chances de se desenvolver e alcançar posições consideráveis e de igualdade no mercado, em relação ao homem, é menor.
Se a escolha primeira for a progressão profissional, a estrutura familiar em algum momento pode ser comprometida.
O desejo por espaços saudáveis e de desenvolvimento profissional é de todas. E essa pauta precisa ser discutida em todas as frentes de uma empresa, nas unidades de ensino e em casa. Os personagens são os mesmos: homens e mulheres. No entanto, os papéis podem ser comuns no sentido igualitário de oportunidades, reconhecimento, responsabilidades sociais e ascensão profissional para ambos.